Vendedor autônomo tem direito a férias, INSS ou 13º? Entenda o que a lei garante

Se você trabalha por conta própria vendendo produtos — seja em feiras, pela internet, de porta em porta, como representante comercial ou até mesmo em redes sociais — provavelmente já se perguntou: “Será que eu tenho direito a férias, 13º salário ou INSS como um trabalhador com carteira assinada?”

Essa dúvida é muito comum e, infelizmente, muita gente descobre tarde demais que deixou de garantir direitos importantes por não entender como funciona a lei para vendedores autônomos.

Neste artigo, vamos conversar de forma clara e sem juridiquês sobre:

  • Quais direitos o vendedor autônomo tem.
  • O que a lei garante e o que não garante.
  • Como funciona o INSS para quem trabalha por conta própria.
  • Se existe 13º ou férias para autônomos.
  • Exemplos práticos para você entender onde pode estar perdendo dinheiro ou proteção.
  • E, no final, vamos falar da importância de ter um advogado especializado para analisar seu caso.

Quem é considerado vendedor autônomo pela lei?

Antes de entender seus direitos, é preciso saber o que significa ser autônomo na prática.

Conceito básico:
O vendedor autônomo é aquele que trabalha por conta própria, sem vínculo empregatício com uma empresa, ou seja, não tem carteira assinada. Ele é responsável pela própria organização, captação de clientes, venda e, muitas vezes, até pela entrega do produto.

Exemplo:

  • Ana vende roupas compradas no atacado e revende em sua cidade, sem contrato com loja ou marca específica.
  • João trabalha como representante de cosméticos de forma independente, recebendo comissão pelas vendas.

Se você não cumpre jornada fixa determinada por alguém, não recebe ordens diretas e assume os riscos do negócio, você provavelmente é autônomo.

Quais direitos o vendedor autônomo tem?

Muita gente acha que trabalhar por conta própria significa abrir mão de todos os direitos trabalhistas. Não é bem assim.
Você não tem os mesmos direitos que um empregado CLT, mas pode ter outros benefícios, desde que faça a contribuição correta para o INSS e cumpra a lei.

Direitos que o vendedor autônomo não tem automaticamente:

– 13º salário pago por empregador.
– Férias remuneradas garantidas por lei.
– FGTS depositado por empresa.
– Aviso prévio e multa rescisória.

Direitos que o vendedor autônomo pode ter:

– Aposentadoria pelo INSS (se contribuir).
– Auxílio-doença e aposentadoria por invalidez.
– Salário-maternidade.
– Pensão por morte para dependentes.
– Férias e 13º pagos por si mesmo (planejamento financeiro).

O que diz a lei sobre autônomos e direitos trabalhistas

No Brasil, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) protege o trabalhador que tem relação de emprego.

Artigo 3º da CLT: “Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.”

Traduzindo: para ter direitos como 13º, férias e FGTS pagos pela empresa, é preciso que exista:

  1. Pessoalidade – você mesmo faz o trabalho.
  2. Não eventualidade – trabalha de forma contínua.
  3. Subordinação – recebe ordens e cumpre regras impostas.
  4. Onerosidade – recebe salário pelo serviço.

Se esses requisitos não estão presentes, você é considerado autônomo e não se enquadra na CLT.

Isso significa que, para ter esses direitos, você precisaria mudar de regime para empregado formal.

E o INSS? O vendedor autônomo pode contribuir?

Sim! O vendedor autônomo pode (e deve) contribuir para o INSS como contribuinte individual.

Artigo 11, V, “g” da Lei 8.213/91: “São segurados obrigatórios da Previdência Social como contribuinte individual: a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não.”

Traduzindo: se você trabalha por conta própria, é obrigatório contribuir para a Previdência.

Como contribuir para o INSS sendo autônomo

Você deve pagar a contribuição mensal por meio da GPS (Guia da Previdência Social).
Existem planos diferentes:

  1. 20% sobre o faturamento – Garante todos os benefícios, inclusive aposentadoria por tempo de contribuição.
  2. Plano simplificado (11% do salário mínimo) – Garante aposentadoria por idade.
  3. MEI (5% do salário mínimo) – Se registrado como Microempreendedor Individual.

Exemplo prático: Se o salário mínimo é R$ 1.412,00 (2025), o valor da contribuição simplificada é R$ 155,32 por mês.

Vendedor autônomo tem direito a 13º salário?

Por lei, não. O 13º salário é garantido pela Lei nº 4.090/62 apenas para trabalhadores com vínculo empregatício.

Artigo 1º da Lei 4.090/62: “Fica instituída, na forma desta lei, a gratificação de Natal para todos os empregados.”

Como o vendedor autônomo não é empregado, não recebe 13º de um empregador.
Mas nada impede que ele se pague um 13º, separando mensalmente 1/12 dos lucros para receber esse valor no fim do ano.

Dica prática: abra uma conta separada e deposite todo mês uma parcela equivalente ao que seria o seu 13º.

Vendedor autônomo tem direito a férias?

A CLT garante férias remuneradas apenas para quem tem vínculo empregatício formal.

Artigo 129 da CLT: “Todo empregado terá direito anualmente ao gozo de um período de férias, sem prejuízo da remuneração.”

Para o autônomo, não existe pagamento de férias por parte de empregador.
Mas é possível planejar férias por conta própria, guardando um valor todo mês para cobrir o período parado.

Exemplo:
Se você quer tirar 15 dias de férias e seu faturamento mensal é R$ 3.000,00, guarde R$ 1.500,00 ao longo do ano.


Quando o vendedor autônomo pode ser reconhecido como empregado

Se, na prática, você trabalha como um funcionário — mesmo registrado como autônomo ou MEI — pode entrar na Justiça pedindo o reconhecimento de vínculo.

Isso acontece quando há:

  • Jornada fixa determinada pela empresa.
  • Subordinação (segue ordens de um superior).
  • Exclusividade.
  • Recebimento de salário fixo.

Exemplo real:
Um vendedor registrado como MEI trabalhava exclusivamente para uma empresa, de segunda a sábado, recebendo ordens diretas e salário fixo. A Justiça reconheceu o vínculo e determinou o pagamento de férias, 13º e FGTS.

Perguntas mais feitas na internet sobre o tema

1. Vendedor autônomo pode se aposentar?

Sim, desde que contribua para o INSS como contribuinte individual ou MEI.

2. É melhor ser vendedor autônomo ou registrado?

Depende: como autônomo, você tem mais liberdade, mas precisa se organizar financeiramente para garantir seus direitos.

3. Posso contribuir com o INSS mesmo sem empresa aberta?

Sim, basta se registrar no sistema do INSS e pagar como contribuinte individual.

4. Posso ter carteira assinada e vender por conta própria ao mesmo tempo?

Sim, mas precisa declarar a renda extra no Imposto de Renda.

5. Se eu parar de contribuir para o INSS, perco tudo?

Não perde o tempo já pago, mas pode perder a qualidade de segurado, o que afeta benefícios como auxílio-doença.

Importância de consultar advogado especializado

O vendedor autônomo lida com uma série de regras trabalhistas e previdenciárias que nem sempre são claras.
Um advogado especializado pode:

  • Analisar se sua relação de trabalho não caracteriza vínculo empregatício.
  • Calcular o melhor plano de contribuição para o INSS.
  • Orientar sobre como garantir direitos como aposentadoria, auxílio-doença e salário-maternidade.
  • Evitar que você trabalhe anos sem proteção legal.

Em muitos casos, um simples ajuste na forma de contribuição ou no contrato de prestação de serviços já garante muito mais segurança e benefícios.

Conclusão

Se a empresa faliu e não pagou suas verbas, ainda existe chance de receber, mas é preciso agir rápido e com estratégia. Documente tudo, habilite o crédito no processo de falência e, sempre que possível, busque apoio profissional para não ficar no prejuízo.

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